VERDADEIROS ADORADORES
Autor: Pr Marco César Romeiro
“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.” João 4:23
Quem são e onde estão eles? Considero
interessante a idéia do próprio Senhor “procurar” sobre a Terra este tipo
especial de discípulo. Pode ser que eles não sejam muitos, já que este
“gargalo” de filtragem é bem apertado.
A primeira filtragem é onde eles se encontram.
Jesus disse à mulher samaritana que era chegada a hora em que o
lugar e a posição de se adorar não eram mais importantes. Não era no monte
Gerizim de Samaria, nem nos sete montes de Jerusalém. Não importava mais se era
lugar alto ou baixo. Não importava mais o título do adorador ou a sua etnia. As
regras de adoração agora são outras.
Quem são os verdadeiros adoradores? Onde
eles estão? Será que estão nas grandes igrejas e nos púlpitos famosos? Quantos
CDs eles tem gravado? Que títulos eles possuem? São eles americanos,
brasileiros ou australianos? Serão eles bilingues?
A segunda filtragem fala da forma de se adorar.
Precisa ser em espírito e em verdade. A idéia é simples – esta adoração
não está ligada a fatores externos (imagens ou circunstâncias) e deve partir de
alguém com uma profunda experiência com o verdadeiro Deus (“...nós adoramos o que conhecemos” 4:22). Quando falo de fatores
externos, concluo que o verdadeiro adorador não precisa de uma imagem para
adorar e nem mesmo um templo. O verdadeiro adorador também não precisa de uma
motivação circunstancial para adorar. Isto é, adorar por ter sido abençoado,
como gratidão. Adorar em verdade exige de mim que eu ame e conviva com Deus.
Que ele seja tão real e verdadeiro para mim como a minha imagem que vejo no
espelho. Ele está em mim e eu estou nele. Na adoração verdadeira não há lugar
para dúvidas.
Que são os verdadeiros adoradores?
Onde
eles estão?
Enfrentando uma enfermidade no meu lar por quase 10 anos, muitas
vezes, quando fui para a adoração eu fraquejei.
Olhei para as circunstâncias.
Minha fé foi abalada algumas vezes. Duvidei.
Acabei misturando minha adoração
com minhas lamúrias e perdi a oportunidade de experimentar o melhor que o
Senhor tinha para mim.
Questionei a mim mesmo: como é ser um verdadeiro adorador?
Será que eu sou um
verdadeiro adorador?
Se em alguns momentos de minha vida tive
dificuldade de adorar como deveria, não tenho como me desculpar.
O Senhor, ao
longo de minha estrada, me fez conhecer alguns verdadeiros adoradores,
mostrando-me de que é possível adorar independente das circunstâncias.
Tive o
privilégio de, mesmo que por pouco tempo, conhecer Bené Gomes, Asaph Borba,
Adhemar de Campos e Jorge Ortega, que considero serem os pais do movimento de
louvor e adoração no Brasil.
Descobri que eles são verdadeiros adoradores
dentro e fora do palco, com ou sem platéia. Com lucros ou perdas. O coração
destes homens só tem um destino: o Trono do Altíssimo.
Mas, há um outro encontro que também
marcou muito minha vida. Na minha época de seminarista, tanto no Rio de Janeiro
(STBSB) como em São Paulo (FTBSP) tive a oportunidade de visitar alguns
hospitais. Visitar doentes era o tipo de ministério em que eu me sentia
bem. Esse era meu hobby e meu passatempo
nos finais de semana (trabalhava e estudava a semana toda). Num dos hospitais
onde eu tinha mais liberdade para ministrar, meu pai (Mario Romeiro) trabalhava
como diretor do departamento de enfermagem. A maior parte dos pacientes eram
homens e cadeirantes. No período que eles iam para fóra das enfermarias para
tomar um pouco de sol, lá estava eu com meu violão, cantando alguns cânticos,
orando com eles e por eles.
Algumas das histórias daqueles homens me
chamaram a atenção. Encontrei pelo menos dois deles cujos filhos eram
evangélicos, ou pelo menos, membros de igrejas evangélicas, mas nunca os
visitavam (um deles não aparecia há mais de 5 anos). Ficava pensando em como Deus
recebia os cânticos destas pessoas, quando entoavam “Alelúia! Toda a glória te rendemos sem fim...” . Alguém me disse
que certos louvores só chegam ao primeiro céu: o céu da boca...
Lembro-me de que um dia meu pai me disse: “Marco, vou te levar hoje para uma ala que
normalmente não se permite a entrada de pessoas de fora.” Era uma área onde
todos os pacientes estavam em fase terminal. A maior parte deles com cancer em
estado avançado.
Meu pai me acompanhou nas visitas.
Encontrei um homem que tinha vindo do Estado do Mato Grosso para se tratar em
São Paulo. Mas, o câncer já havia tomado todo o seu organismo. Uma de suas
pernas tinha o tamanho de duas. Seus dias sobre a terra estavam contados. Ele
mesmo me confirmou isso e me disse de forma segura que “...não via a hora de se encontrar com Jesus.” Deus sabe o quanto eu precisava ouvir aquela
frase. Rapidamente repensei os meus 23 anos de vida.
“Você
precisa conhecer uma pessoa muito especial”, meu pai me disse. Entramos em outro quarto para
conhecer uma jovem. O quarto parecia cheio de luz. Ela tinha 24 anos. Olhei
para ela, deitada naquele leito. Ela só
movia a cabeça. Era paralítica do pescoço para baixo. Seu rosto era lindo. Parecia
um anjo. Ela sorriu prá mim e pediu para que eu lesse alguma passagem da sua
Bíblia que estava sobre o criado-mudo. “Que
parte você quer que eu leia?” – perguntei. “Qualquer uma. A Bíblia toda é linda!” – me respondeu.
Enquanto eu lia o texto bíblico meu
coração ardia. Jesus estava alí e estava sendo adorado o tempo todo. Saí daquele
hospital naquela tarde com o sentimento de ter tido um encontro com Deus. Nunca
vou me esquecer daquela jovem.
Eu creio que naquele dia, pelo menos para
mim, Deus estabeleceu um novo patamar, um novo padrão do significado de ser um
verdadeiro adorador. É possível adorar sem ter nada a receber, a não ser a
graça. É possível adorar sem voz, sem movimentos, sem estilo e sem sonhos
humanos.
Por isso, quando minha adoração parece
interrompida por memórias ruins e pensamentos negativos, procuro me lembrar que
existe sobre a terra gente que se entrega a adoração nas circunstâncias mais
difíceis. Tomo fôlego novamente e mergulho bem fundo na minha comunhão e
adoração com meu Senhor, na ansiedade de ser encontrado por Ele como verdadeiro
adorador.
Comentários
Postar um comentário