O Agir Invisível de Deus (inspirado na obra de Luciano Subirá)

Nossa reflexão bíblica começa com um texto escrito pelo homem que foi considerado o mais sábio em toda história da humanidade: Salomão.
Não penso ser coincidência que Deus o tenha escolhido para escrever acerca disto; na verdade não acredito em coincidência; a definição dela que aprendi com outros irmãos em Cristo é que coincidência é a obra divina onde Deus não reclama a autoria.
O fato é que o rei Salomão era a pessoa mais indicada para nos dar a pista de que o agir de Deus nem sempre é visto e compreendido pelo homem, não importando quão sábio ele seja.

TEXTO BASE:
Observe: ”Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas.” Eclesiastes 11:5.

Três coisas são mencionadas como algo que “não sabemos”:
01 - O caminho do vento;
02 - A formação dos ossos de uma criança ainda no ventre materno, e;
03 - O agir de Deus.

Na verdade, com a expressão “não sabes”, entendemos que o escritor falava de coisas que “não vemos”.

Podemos saber o caminho do vento através do balançar das folhas de uma árvore, pelas evidências de que ele sopra, mas nunca por ser visível aos nossos olhos.

O caminho do vento em si é algo oculto à nossa visão, ocorre fora do alcance da vista dos olhos. Semelhantemente, a formação óssea de um bebê ocorre fora da vista dos nossos olhos; não podemos ver como ela se dá. Creio que a expressão “não sabes” que o rei sábio usou estava apontando para “o que não vemos”, senão nem contemporânea seria esta afirmação, pois hoje a ciência tem trazido uma perfeita explicação da formação óssea do feto; podemos “saber”, mas continuamos impedidos de ver.

Durante a gravidez a esposa faz ecografias e pode ver a formação física de seu filho mesmo antes dele nascer. Contudo, mesmo com todos estes recursos da ciência moderna, a formação óssea do feto – e não falo da certeza que isto ocorre e nem de como ocorre, mas sim do processo – encontra-se fora da vista de nossos olhos.


É algo semelhante ao caminho do vento. Podemos saber que ocorre e até ter evidências disto, mas é oculto aos nossos olhos; o que nos leva a defini-lo como invisível.

Com o agir de Deus não é diferente.
O texto bíblico diz que Deus age em todas as coisas.

Depois o versículo nos deixa claro que as duas menções anteriores de coisas ocultas aos nossos olhos, eram apenas um paralelo que ilustra o agir divino.

Deus age sempre e em todas as coisas, porém, nem sempre este agir será visível aos nossos olhos, pois o que o caracteriza é esta sua definição bíblica de que é invisível.

Temos visto o prejuízo da falta de conhecimento deste princípio e também da falta de temor de Deus. 

Pessoas dizendo coisas absurdas como:
“Ah, eu já coloquei Deus na parede; se em tanto tempo Ele não me atender, eu…”.

Dá vontade de dizer para alguns:
– “Você o quê? Que ameaça é esta? Se Ele não fizer o que você quer, você faz o quê? Dá as costas para o Senhor e vai para o inferno? Quais são suas opções?”

É incrível a falta de respeito com a qual muitos se dirigem a Deus. Os papéis andam trocados. Pelo comportamento destas pessoas parece até que Deus já não é mais Senhor, mas simplesmente um secretário.

Está errado; quem está na condição de servo somos nós e não Ele!

Sabe, há o ensino bíblico da fé, e eu creio nele, pois afinal de contas o que é bíblico é o conselho de Deus e ponto final. Creio no que Jesus ensinou sobre falar à montanha; creio em dar ordens aos problemas e obstáculos para que se movam de nossas vidas e sejam lançados no mar.

Contudo, é um absurdo confundir as coisas e achar que podemos dar ordens para Deus!
Ninguém dá ordens a Deus.
Diante dele todos devem se calar.
Ele é soberano.
Ele é santo.
Ele é Deus.
Ele é todo suficiente.
Faz o que quer, como quer, quando quer.
A Igreja precisa reaprender isto!

Sei que há promessas e princípios bíblicos que já são uma revelação da vontade divina, e que em situações onde eles podem ser indiscutivelmente aplicados, não precisamos orar para descobrir qual é a vontade do Senhor e o quê Ele quer fazer.

Mas mesmo quando já sabemos o quê Ele quer fazer, nem sempre poderemos entender COMO Ele vai fazer o que quer, ou mesmo QUANDO isto se dará.

A forma de agir de Deus nunca foi e nunca será previsível.
O homem não pode compreender o agir de Deus com sua mente e raciocínio, pois a operação de Deus está muito acima do nosso entendimento.

Quando Salomão mencionou o agir invisível de Deus, não disse que o Senhor deixa de agir nas circunstâncias onde pareça ausente, mas sim que nós não podemos VER sua operação.

Não se trata de Deus deixar de agir, mas sim de fazê-lo de tal forma que nós não o vemos em ação.
Em lugar algum da Bíblia nos é apresentada uma ação divina padronizada.
Não vemos o Senhor lidando com as pessoas por atacado, mas justamente o oposto.

Cada pessoa e cada situação é tratada por Deus com carinho e criatividade.
Há um agir personalizado e isto é inegável.

Mesmo nas guerras e batalhas (acontecimentos muito comuns e repetidos nas páginas do Velho Testamento), nunca vemos duas intervenções divinas que sejam iguais.

Para cada situação houve uma intervenção diferente, embora os resultados finais fossem similares.
O que concluímos é que mesmo quando a vontade expressa de Deus era livrar seu povo das mãos do inimigo, a forma como Ele faria era sempre um mistério.
Ou seja, mesmo quando sabemos o quê Ele quer fazer, não podemos saber como irá fazê-lo.
O que necessitamos então, é parar de achar que Deus nos deva satisfação do seu agir.

Ele age sempre e em todas as coisas (circunstâncias).
A parte que nos cabe é crer e esperar sua manifestação, e não exigir que o Senhor mostre qual a forma de operar que foi adotada.

Há muita gente cobrando de Deus uma explicação para o que eles não entendem.

Só que o Pai nunca prometeu que daria explicação de como Ele estaria operando.

As únicas coisas das quais Ele falou foi que podíamos ter como certo é que Ele agiria, e enquanto Ele trabalhasse de forma INVISÍVEL aos nossos olhos, que nós crêssemos.

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