O fim da lei é Cristo? ou Cristo é o fim da lei? Dízimos para hoje?

Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê. Romanos 10:4

Quando a Bíblia fala de o fim da lei é Cristo e você só fala esse texto de forma isolada, então você perde a beleza e todo o contexto do Capítulo 10 do livro aos romanos.

O texto, em todo o seu contexto, está tratando na verdade, da salvação que reside em Jesus Cristo. 

Então este texto não está falando que a lei acabou em Cristo (e deve ser usado como este objetivo único), para isso existem vários outros textos que você poderá utilizar.  Mas o que este texto está tratando,  é que a salvação veio para judeus e não judeus, como nós,  e se você se perder discutindo a Lei e o fim da Lei neste texto, você está cometendo erro de exegese e hermenêutica.

O mais correto seria utilizar os textos que tratam exatamente do que da lei acabou e do que persiste, que são abundantes no Novo Testamento,  do que ficar manipulando este texto para ele falar algo que na verdade não é o foco do escritor.

Frequentemente me deparo com pessoas utilizando este texto totalmente fora de contexto.

Sim é bem verdade que Cristo cumpriu a lei e é disso que o texto trata.  Jesus cumpre a lei ao oferecer-se em sacrifício para remissão de pecados.  Como o apóstolo bem disse ele se fez  indigno em nosso lugar.  Ele cumpre a profecia que diz: -  pelas suas pisaduras fomos sarados.....

É exatamente esse o tema de Romanos 10. 

Romanos 10 não tá querendo discutir a lei,  Mas apontando que Jesus cumpriu a lei.  Ele cumpre não só como obediência. Porque se cremos que Jesus era alguém que jamais pecou e que o parâmetro de pecado era a Lei visto que ainda não havia sido inaugurada a graça (inaugurada na Cruz),  então, ele cumpriu plenamente a lei.  Mas ele dá um passo a mais, também dentro da lei,  que é o sacrifício em remissão de pecados.

Então você pensa que este autor está defendendo que a lei, persiste?

Essa é uma discussão bastante densa.  Porque uma análise superficial dirá que toda a lei foi abolida.  Mas Jesus,  só para ficarmos em poucos exemplos,  endurece ainda mais alguns pontos da lei.  Por exemplo:  No tema do divórcio ele endureceu. Também no tema do amor ao próximo.

Então é preciso fazer uma análise mais cuidadosa,  para dizer o que foi aprimorado com a obra na cruz e na época da Graça, separando o que foi exatamente cancelado e o que persiste.
Alerta: - Não!. Eu não sou adventista e nem vou defender aqui o sabatismo, comidas e etc. Fique tranquilo!

A visão de ruptura completa,  entre as alianças,  não faz muito sentido, quando lemos todo o texto bíblico, em busca disso, na verdade, quando você observa a aliança adâmica, com Noé, Abraão, Moisés,  é possível  perceber que há  uma revelação progressiva e não de rupturas.  Deus está estabelecendo nas alianças anteriores,  os alicerces, muros e paredes, de como deverá ser a relação com Ele e as regras pelas quais essa relação se dá, tanto naquela nova aliança vigente, bem como, quando da época da Graça.

Pontos à considerar:

-  Para fazermos uma exegese correta do que persistem em nossos dias aa época da lei,  e o que não mais persiste, as análises rasas e posts  de Facebook ou Instagram,  não deveriam ser suficientes para chegarmos a grandes conclusões.

- Sim  é fato, a maioria da cristandade,  concordará  que Jesus é o nosso descanso e portanto, o shabat (sábado ou descanso),  já não precisa ser praticado, o mesmo para a circuncisão, do pacto com Abraão;

- Também  concordaremos que práticas de sacrifícios não são mais necessárias,  pois isto tudo remetia a um sistema de remissão de pecados e concertos com Deus,  que foram substituídos na cruz;

- No entanto,  quando falamos de algumas regras,  lendo o talmud e a torah,  fica claro para nós que boa parte das leis tinham por alvo um estado judaico e 100% regido por leis divinas.  Então é impraticável  utilizarmos as regras para os nossos dias especialmente em um estado que não é judaico;

-  Porém outras regras sobreviveram.  Como a do adultério por exemplo,  que foi até endurecida por Jesus.

Por que este texto?

Não pretendo ser exaustivo e concluir tudo em uma só postagem, mas, quando temos tanta reclamação, e tanto  posts falando contra os dízimos em nossos dias (reconhecidamente uma doutrina complexa),  a gente precisa fazer algumas perguntas:

- Os  dízimos são para os nossos dias?

- Dízimos  eram parte da lei?

- Foram cancelados?

Como nasci e fui criado,  em igreja totalmente contrária aos dízimos,  quando fui fazer cursos de teologia e participar  do Conselho de Pastores de São Paulo,  ser pastor  Igreja Batista,  me vê confrontado com esse tema.

Meu objetivo não é dar a você,  razões para fazer aquilo que eu decidi,  mas para refletir como eu refleti  e tomar sua própria decisão.

Descobri que a Abraão, Isaac e Jacó,  pagaram dízimos a casa de Melkisedek  . Em hebraico significa Malek Tzedek. Rei de Justiça (a tradução mais literal possível é esta).

Melkisedek  é em toda sua definição um arquétipo de Jesus.  Ele é o rei de Justiça.  Ele é o rei de paz.  Ele é o rei de Salem,  a cidade que depois viria a ser chamada de Jerusalém.  Segundo os judeus ele também é descendente direto de SEM filho de Noé.  Ou seja,  dessa linhagem que Jesus é. E é esse arquétipo de Cristo que vemos no velho testamento,  que se torna aos olhos dos três patriarcas,  merecedor do recebimento dos dízimos.

Então quando o olho para os dízimos dados pelos patriarcas e depois olho a lei (na qual Moisés já direciona os dízimos não mais para Salem, agora ele manda para o tabernáculo sacerdotes e também Levitas),  eu vejo como algo temporário.  Mas quando retorno meu olhar para os patriarcas dando para o rei de Salem e vôo para a Graça  e nela encontro novamente o rei de Salem,  entendo que devo dar os dízimos para ele.  E quem é o rei de Salem? JESUS.

Conclusão final: - Os  dízimos de hoje, que muitos atacam e dizem que não é para ser dinheiro (desconhecendo que a lei foi realmente dada para agricultores e que estes podiam se transformar em dinheiro e levar  para o tabernáculo e depois para o templo),  não é dado  para sacerdotes humanos,  levitas, ou até mesmo para um templo.  A verdade é que hoje devemos dar por amor e gratidão ao rei de Salem, JESUS,  como fizeram os patriarcas.

IMPORTANTE: - Se  por acaso os sacerdotes atuais ou os administradores do templo forem fiéis ou infiéis,  com a administração dos recursos,  isso nunca foi problema meu e nem era problema de quem fazia e cumpria com as ordenanças mesmo na época da lei.  Se alguém rouba ao Senhor, se alguém manipula,  de maneira egoísta e humana,  os recursos,  para mim não importa.  Eu devo ser fiel.  O outro também.  Mas,  se ele for infiel,  o problema e as consequências serão dele.  Eu eu permaneço fiel.

Espero que isso lhe ajude a decidir, se será, ou não dizimista. Mas,  se você tomar a decisão de ser dizimista.  Saiba que a relação dos dízimos e ofertas que você entregar hoje,  não estão mais debaixo das regras da lei.  Estão debaixo das regras da Graça.  E assim como os patriarcas dizimaram e ofertaram por amor,  ela que você estará fazendo.